A Erradicação do
Trabalho Infantil no Rio Grande do Norte e a realização da Caravana do Nordeste
contra o Trabalho Infantil são temas de debate de uma audiência pública realizada
nesta quinta-feira (12), na Assembleia Legislativa. Em relação a exploração
sexual de crianças e adolescentes, o Rio Grande do Norte responde pelo maior
índice entre os 27 estados do Brasil, com 19,31 casos por 100 mil habitantes,
segundo a Secretaria de Direitos Humanos (SDH) da Presidência da República.
Representantes do
Ministério Público e do Judiciário, Governo do Estado e Prefeituras, Fórum
Estadual de Erradicação do Trabalho da Criança e de Proteção ao Adolescente
Trabalhador (Foca-RN), Conselhos Tutelares, Comdica, Consec e demais
instituições de defesa dos direitos da Criança e do Adolescente participam da
audiência. Durante a audiência também será feita a assinatura do termo de
compromisso referente às propostas de elaboração do Plano Estadual e Municipal
de Enfrentamento ao Trabalho Infantil no RN, a ser feito em parceria com
Superintendência Regional do Trabalho (DRT), dentre outras representações
integrantes da Rede.
De acordo com a última
Pesquisa Nacional de Amostragem de Domicílios (PNAD 2009), divulgada pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Rio Grande do Norte
ainda está longe de erradicar o trabalho infantil. Segundo dados da pesquisa,
mais de 30 mil jovens, entre 5 a 14 anos, trabalhavam no estado. Do total de
jovens potiguares empregados, 12 mil estavam desenvolvendo algum tipo de atividade
no meio agrícola, produzindo para consumo próprio ou para negociação externa. O
restante, 18 mil, trabalhavam em espaços urbanos.
A deputada estadual Márcia
Maia, propositora da audiência e presidente da Frente Parlamentar da Criança e
do Adolescente da Assembleia Legislativa do RN, destaca que houve uma queda de
31% com relação ao levantamento anterior, mas reforça que ainda assim, é
fundamental que haja uma vigilância constante para garantir que o processo de
erradicação possa se concretizar.
“Em 2005, os resultados
obtidos pela pesquisa traziam um número de 44 mil crianças e pré-adolescentes
entre 5 a 14 anos, com algum tipo de emprego. Não queremos apenas continuar
reduzindo estes números. O nosso principal propósito deve ser por fim, de uma
vez por todas, ao trabalho infantil. O trabalho infantil e a exploração sexual são
problemas graves e que merecem acompanhamento constante”, ponderou a
parlamentar. Segundo a deputada, a audiência vai reforçar o chamamento para o
problema e promover iniciativas para erradicar essas mazelas sociais.
Para a coordenadora do
Fórum Estadual de Erradicação do Trabalho da Criança e de Proteção ao
Adolescente Trabalhador (Foca-RN), Marinalva Cardoso, a audiência serve para traçar
metas e discutir a problemática que está presente no dia a dia da população
brasileira, que é a presença de crianças e adolescentes trabalhando nas piores
condições de trabalho.
“No Brasil, existem 91
piores formas de trabalho infantil, dentre eles podemos destacar o trabalho
escravo, a exploração sexual de crianças e adolescentes, crianças e
adolescentes trabalhando em ações armadas e com narcotráfico. Em Natal, uma das
piores formas de trabalho infantil se dá aqueles que trabalham nas vias
públicas, como flanelinhas e vendedores ambulantes nas praias que correm todo o
tipo de risco e recebem varias abordagens perigosas. Outra preocupação nossa é
com a chegada da Copa do Mundo em Natal, pois, infelizmente, existem muitas
pessoas que virão à cidade em busca da exploração sexual das nossas crianças e
adolescentes e precisamos desenvolver ações para protegê-las”, destacou a
coordenadora Marinalva Cardoso.
Marinalva disse ainda
que a audiência também tem o objetivo de divulgar a passagem da “Caravana Nordeste
contra o Trabalho Infantil”, cuja última edição ocorreu em 2004, e deverá ser
realizada no Rio Grande do Norte no dia 24 de abril e contará com a presença da
secretária executiva do Fórum Nacional, Isa Oliveira. A Caravana do Nordeste
contra o Trabalho Infantil é uma mobilização pelo enfrentamento a grave
violação dos direitos humanos de crianças e adolescentes. Coordenada pelos
Fóruns Estaduais de Prevenção e Erradicação do Trabalho Infantil, com o apoio
técnico do Fórum Nacional, a caravana tem como objetivo contribuir para o
fortalecimento das ações locais para prevenção e eliminação do trabalho
infantil, nos Estados do Nordeste.
“No cenário do combate
à exploração sexual infantil, a realização da caravana ocupa um importante
papel e agora a ação será retomada para evitar o retrocesso nas conquistas
obtidas ao longo dos anos, passando por todos os estados da região. A caravana
tem o objetivo de acelerar o processo para diminuir esses índices alarmantes,
pois o Brasil tem o compromisso, de até 2015, erradicar com o trabalho infantil”,
disse Marinalva Cardoso.
Segundo a coordenadora
do Fórum Estadual, o Rio Grande do Norte ainda não tem elaborado o Plano
Estadual de Enfrentamento ao Trabalho Infantil, iniciativa que tem esbarrado na
ausência de um diagnóstico do atual panorama da criança e do adolescente em
situação de risco no Estado. “Durante a caravana, cerca de 1.300 crianças que
foram retiradas do trabalho estão presentes e juntos vamos pedir que a
governadora assine o compromisso de criar o Plano Estadual de Enfrentamento ao
Trabalho Infantil”, disse. Marinalva Cardoso conta que é preciso a população
tomar conhecimento do problema. “Temos algumas ações que serão desenvolvidas ao
longo do ano para que possa se dar visibilidade de um problema tão grave para
que todos juntos possamos unir forças para acabar de uma vez por todas com o
trabalho infantil”, disse.
Nenhum comentário:
Postar um comentário